I de Infância (V)
-
"[...]
Olhamos para o mundo uma vez, na infância.
*O resto é memória."*
Louise Glück, *Meadowlands*,
trad. de Inês Dias [Relógio D'Água, 2022]
Quanto vale uma Vida?
-
"Quanto vale uma vida?" Esta pergunta ecoa nos corredores da ética, da
justiça, da filosofia e da própria existência humana. Num mundo cada vez
mais paut...
joão gesta / vende-se isco
-
Faz muito frio, como convém nestas crónicas.
Trémulo, desembacio o vidro da janela.
As crianças esfaqueiam-se alegremente no parque e fazem
Ronaldos...
MÚSICA PELA MANHÃ
-
*Às 02,42 horas começou o Verão.*
*O Ruy Belo adorava o Verão, eu nem por isso. *
*Fico-me com as restantes estações do ano e fico bem.*
*O Cesare Pave...
Caminhas comigo.
-
Caminhas comigo dentro do meu coração
Viajas comigo dentro do meu pensamento
És o aroma que perfuma a minha emoção
A fresca oressa, que refresca o senti...
Mario Montalbetti (Desculpe, a tabacaria?)
-
DISCULPE, ¿ES AQUÍ LA TABAQUERÍA?
Nadie dice todo. Nadie dice nada.
Lo deseable es decir poquísimo.
Callar no es más radical.
Callar es como rapars...
"gênio"
-
*Poeta, beija a poeira *
*Destes ásperos caminhos *
*E cinge alegre os espinhos, *
*Heranças que o gênio tem. *
*O alaúde é dom funesto. *
*Quando uma fronte...
Excerto da Quinzena
-
*Do bolso do colete retirou o relógio de ouro e confirmou as horas. Não
queria correr o risco de se desencontrar com Eça de Queiroz: era por ele
que ali ...
-
Ainda seguimos os fogos
cultivados de noite por homens
que lêem para se salvar
temos lido uns para os outros na busca
das coisas mais ofensivas, que possam
...
Mobilizem-se! Organizem-se! Lutem!
-
Imaginem que isto se passava com o PCP. Ou BE. Ou L. Ou com o PS. Ou até
mesmo com o PSD. Seria a cobertura mediática idêntica? Haveria o mesmo
crit...
Abril (in)conveniente
-
O governo, que se diz patriótico e defensor das liberdades, encontrou no
luto uma oportunidade rara: suspender abril sem parecer que o faz por
gosto. A mor...
olha
-
*o dia já está a clarear... olha...*
e o rapaz olha
*deixar-te-ei todos estes amanhaceres*
pensa a mulher enquanto diz
*repara nas cores do céu......
Gato Azul, de Hagiwara Sakutaro
-
Poema de Hagiwara Sakutaro (1846-1942), poeta japonês, da sua colectânea
com o mesmo nome Aoneko (Gato Azul) de 1923. GATO AZUL É bom amar esta bela
cidade...
-
Este ano o verão atravessou Lisboa. O verão foi invisível. Atravessou a
cidade e os outros levou do meu corpo memórias do teu nome. joão miguel
fernandes j...
PELE DE PAREDE
-
Os azulejos de Gilberto Renda são pele de parede,
Os painéis de madeira, nas salas da preciosa Vila Idalina,
Os antigos papeis de parede da Casa Vermelha,
Os...
Tragédia no Mar
-
"Tragédia no Mar" é a denominação do feliz grupo escultórico de José João
Brito, visto aqui na tarde de hoje. Inspirado numa tela de Augusto Gomes, o
monum...
No meio do ruído das coisas.
-
Duas despedidas tristes: a de Paulo Tunhas (1960), filósofo, cronista,
poeta, professor; e a de Luís Carmelo (1954), romancista, professor, poeta,
ensaís...
CARLOS POÇAS FALCÃO
-
[TODOS OS DIAS VIAJO PARA A CULPA]
Todos os dias viajo para a culpa.
É lá onde trabalho, movendo e removendo
juízos e vergonhas, vergando-me nas margens
do...
ninguém conhece o infinito
-
A culpa é tua se dizes sempre
o mesmo nome
se tens sempre a mesma idade
e a mesma casa, se quando
revelas a tua identidade
é impossível que o céu te explud...
FATIADA
-
Era o céu inteirinho que chovia, como se fosse castigo, alagando tudo em
redor.
Como se o mundo se aglomerasse para chorar, acotovelando-se na visão
catas...
POEMAS DE MARGARET RANDALL
-
Foto de Robert Giard, 1998.
*Sospecha y parábolas vacías*
Viajamos a alguna parte
pero no tenemos mapa.
Las líneas de mi palma relucen
como corriente el...
Que seja eterno
-
Mas de nenhum destes modos te sei amar, tão fraco ou inábil é o meu
coração, de modo que, por o meu amor não ser perfeito, tenho de me
contentar que seja e...
Uma Alma Inquieta
-
Eu sabia há três anos que Ela me viria bater à porta a qualquer momento,
mas não sabia como seria informado da sua chegada.
Desde Maio que peço, quase dia...
sem que ele note
-
tão longe vai o tempo em que ele morria em mim. acontecia aos poucos, a
imagem dele a querer fugir do meu peito, ele a ausentar-se lentamente dos
meus ...
Tempo
-
Eu não amava que botassem data na minha existência. A gente usava mais era
encher o tempo. Nossa data maior era o quando. O quando mandava em nós. A
gente ...
É isto o Amor
-
Em quem pensar, agora, senão em ti? Tu, que
me esvaziaste de coisas incertas, e trouxeste a
manhã da minha noite. É verdade que te podia
dizer: «Como é ma...
Pó dos Livros
-
Setembro de 2007, abrimos as portas, e já nessa altura planava sobre nós o
abutre. Nunca passava para cá da linha da porta. No entanto, rondava de
perto...
Burrinho
-
Fui à procura de um caderno para escrever. Volto a ter vontade de
escrever. Não quero, não sou capaz, de escrever frases, textos, quero
apenas apontar as ...
o escritor enquanto cão-guia
-
Grassa, em lusas terras, já há algum tempo, o paradigma do escritor como
«cão-guia». O leitor ou leitora, pitosga ou mesmo ceguinho deverá ser
levado pela ...
tomorrow never comes (III)
-
Tentava escrever
o esboço - vestígio do corpo,
a macia semente do vento
a traço de giz
da cor do barro, da cor da nuvem carvão;
acontecia o espinho, o p...
-
Um corpo sem véu, despojado do barulho do mundo. Apenas o grão da pele para
o vestir. Um corpo nu, imóvel e cheio de estorias caóticas e cicatrizes.
Um co...
Saídas a dois
-
Estava tudo combinado para aquele final de tarde: saía do trabalho direta à
escola, entravamos juntos no carro, sorridentes e enamorados, e seguíamos
para...
-
demasiado depressa o silêncio
de braços inertes
não consigo alcançar-te
ou olhar-te sequer
nem colher a tempo tudo o que devia
(tudo o que julgo que de...
Carta a Paris 16 de Março de 2015
-
16 de Março 2015
10:07
Está frio. O céu, imenso e de um cinza quase branco, leva-me os sentidos e
a minha vontade. Ainda assim decidi ir a Paris, onde te...
1930-2015
-
não chamem logo as funerárias,
cortem-me as veias dos pulsos pra que me saibam bem morto,
medo? só que o sangue vibre ainda na garganta
e qualquer mão e ...
SANTO ANTONINHO DOS ESQUECIDOS
-
* para o José Carlos Soares*
O esquecimento tem portões
fechados e velas a acordar
o crepúsculo enquanto o vento
sop...
-
Vestiu-se de nevoeiro e foi dançar
pés de musgo
mão na anca e outra estendida no ar
gotas de chuva mansa no olhar
um peso leve
acariciando a terra húmida
em...
Espaço : se alguém disser que morri...
-
Robert & Shana Parkeharrison
*se alguém disser que morri, avança até à varanda do céu,*
*escuta a noite e recolhe o meu corpo da espuma dos planetas.*
*nã...
m-it- b-m r-ub-do!
ResponderEliminarhttp://www.youtube.com/watch?v=4O2TS0gaaH0&feature=related
ResponderEliminarah, mas este é o rato bom, este é o que cozinha cá em casa ;)
ResponderEliminaro outro é que não faz mais nada senão comer letras às palavras.
h m m.... ent o sse foi p ra aí! m la dro! a fal a que me faz a ui. ......
ResponderEliminartic tic tic tic
chlép chlép
{um pontinho em cima de outro pontinho e o lado direito de um parênteses}
ResponderEliminar:)
ResponderEliminar