como uma respiração, e não reconheci,
ou desistiram e partiram para sempre,
deixando no poema uma espécie de mágoa
como uma marca de água impresente;
as que (lembras-te?) não fui capaz de dizer-te
nem foram capazes de dizer-me;
as que calei por serem muito cedo,
as que calei por serem muito tarde,
e agora, sem tempo, me ardem;
as que troquei por outras (como poderei
esquecê-las desprendendo-se longamente de mim?);
as que perdi, verbos e substantivos de que
por um momento foi feito o mundo.
E também aquelas que ficaram,
por cansaço, por inércia, por acaso,
e com quem agora, como velhos amantes sem
desejo, desfio memórias,
as minhas últimas palavras.
Manuel António Pina
(palavras para quê?)
ResponderEliminarlindíssimo
Lindo em tudo!
ResponderEliminarpalavras, sim, todas.
ResponderEliminarobrigada João. boa semana para ti!
ResponderEliminarexistem sempre essa luta entre dizer e não dizer,de arrependimento por não o ter feito..Uma coisa que aprendi foi que por vezes aquelas palavras que achamos tão importantes para serem ditas ,por vezes para a pessoa a que se destinam!São apenas palavras....Existem infelizmente pessoas que não sabem reconhecer a força das palavras que custam a dizer,,,bj..o teu blog me toca imenso..amo aqui.
ResponderEliminaré verdade Quim, ainda brm que gostas daqui. bj, boa segunda!
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