Que música escutas tão atentamente
que não dás por mim?
Que bosque, ou rio, ou mar?
Ou é dentro de ti
que tudo canta ainda?
Queria falar contigo,
dizer-te apenas que estou aqui,
mas tenho medo,
medo que toda a música cesse
e tu não possas mais olhar as rosas.
Medo de quebrar o fio
com que teces os dias sem memória.
Com que palavras
ou beijos ou lágrimas
se acordam os mortos sem os ferir,
sem os trazer a esta espuma negra
onde corpos e corpos se repetem,
parcimoniosamente, no meio de sombras?
Deixa-te estar assim,
ó cheia de doçura,
sentada, olhando as rosas,
e tão alheia
que nem dás por mim.
Eugénio de Andrade
(é engraçado notar o fio condutor das coisas bonitas, não é?)
ResponderEliminar:)
beijinho*
Eu dou! :)
ResponderEliminarcomo sempre um primor de escolhas. Beijo
é verdade, sim, Vanessa, e cumplicidades que se sentem, à distância :)
ResponderEliminarbeijinho*
ah Joãozinho, tu dás...
ResponderEliminarobrigada, fazes-me sorrir :)
beijo
É duro calar as coisas que queremos tanto falar..Eugénio sempre fabuloso..bj e boa semana
ResponderEliminareterno e frágil Eugénio...
ResponderEliminarboa semana, Quim!