segunda-feira, 24 de maio de 2010

A verdade é que preciso de ti para um poema










 






















Há três dias que durmo desordenadamente.
Transpiro e acordo e vejo casas que são desdobramentos da minha própria casa.
A verdade é que preciso de ti para um poema.
Preciso que te passeies por uma dessas casas, que te sentes, que te deites.
Preciso olhar para ti durante 27 segundos...








Vasco Gato










4 comentários:

  1. Que poema poderias fazer após olhar alguém, por 27 segundos? :)
    Já escreveste poemas de amor? E cartas de amor... há quanto tempo não escreves uma carta de amor?

    "Vieste como um barco carregado de vento, abrindo
    feridas de espuma pelas ondas. Chegaste tão depressa
    que nem pude aguardar-te ou prevenir-me; e só ficaste
    o tempo de iludires a arquitectura fria do estaleiro

    onde hoje me sentei a perguntar como foi que partiste,
    se partiste,
    que dentro de mim se acanham as certezas e
    tu vais sempre ardendo, embora como um lume
    de cera, lento e brando, que já não derrama calor.

    Tenho os olhos azuis de tanto os ter lançado ao mar
    o dia inteiro, como os pescadores fazem com as redes;
    e não existe no mundo cegueira pior que a minha:
    o fio do horizonte começou ainda agora a oscilar,
    exausto de me ver entre as mulheres que se passeiam
    no cais como se transportassem no corpo o vaivém
    dos barcos. Dizem-me os seus passos

    que vale a pena esperar, porque as ondas acabam
    sempre por quebrar-se junto das margens. Mas eu sei
    que o meu mar esta cercado de litorais, que é tarde
    para quase tudo. Por isso, vou para casa

    e aguardo os sonhos, pontuais como a noite."


    Maria do Rosário Pedreira

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  2. não, nunca escrevi poemas de amor, e de cartas não me lembro de as ter enviado a alguém. do tempo, já fiz muito em pouco, e desperdicei anos e anos em nada.

    «Paga-me um café e conto-te
    a minha vida»

    o inverno avançava
    nessa tarde em que te ouvi
    assaltado por dores
    o céu quebrava-se aos disparos
    de uma criança muito assustada
    que corria
    o vento batia-lhe no rosto com violência
    a infância inteira
    disso me lembro
    outra noite cortaste o sono da casa
    com frio e medo
    apagavas cigarros nas palmas das mãos
    e os que te viam choravam
    mas tu ,não,nunca choraste
    por amores que se perdem
    os naufrágios são belos
    sentimo-nos tão vivos entre as ilhas ,acreditas?
    E temos saudades desse mar
    que derruba primeiro no nosso corpo
    tudo o que seremos depois


    «pago-te um café se me contares
    o teu amor»



    jose tolentino mendonça

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  3. Conto-te do amor... do meu

    http://www.youtube.com/watch?v=ASePmZ7Uy0I

    Agora conta-me a tua vida... pago um café :)


    "Esta manhã, quando acordei, e a tua imagem
    se atravessou à minha frente, ainda olhei pela
    janela, não fosse ter nascido da luz que entrava.
    Depois, pensei que podia ter sido um pedaço de
    sonho que se partiu durante a noite, quando
    o atirei para o chão. Mas não vi
    nada, à minha volta, como se uma imagem pudesse
    ter desaparecido de um momento para o outro,
    ou a noite nunca tivesse existido. Saí
    de casa, atravessei a rua até ao café e, enquanto
    o bebia, fechei os olhos. E a imagem voltou,
    tão real que, quando olhei de novo para a frente,
    a mesa vazia transformara-se num sofá onde
    estavas estendida, em repouso, como se o dia todo
    tivesse passado por ti, e a noite te envolvesse
    com o seu peso branco."


    Nuno Júdice

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  4. bom dia vasco(teu), aqui chove tanto que até os cães bebem de pé:)

    sabes, da vida quero apenas cinco coisas:

    'Quero apenas cinco coisas…
    Primeiro é o amor sem fim
    A segunda é ver o Outono
    A terceira é o grave Inverno
    Em quarto lugar o Verão
    A quinta coisa são teus olhos
    Não quero dormir sem teus olhos.
    Não quero ser… sem que me olhes.
    Abro mão da Primavera para que continues me olhando.'

    Pablo Neruda

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