quarta-feira, 12 de agosto de 2015

E não per tur bes o meu son ho






















Não me perturbes.

Quero reclinar o meu peito no regaço da terra
descer num casulo de luz pairar como a bruma 
na urze calada e perfumada da serra.

E não perturbes o meu silêncio
que dorme nas folhas das minhas mãos.

Na criança adormecida em mim
ficam as pegadas na presença dos silêncios, 
nos diálogos e gestos escritos na areia polida 
das minhas palavras.

E não perturbes o meu silêncio
que dorme nas folhas das minhas mãos.

Não perturbes estas folhas que rodeiam o meu corpo 
povoando esta alma de música que ninguém ouve.
Não quero miscelâneas no meu poente.
Quero nascer os olhos em bocas de alegria.
Deixa ser-me criança, vestir de novo esta fantasia.

E não per tur bes o meu son ho.
Quero adormecer a noite enganar a lua
morrer o passado nesta inquietação
desta 
chama
nua








Manuela Barroso





















4 comentários:

  1. Não perturbo, mesmo, Ana. :)

    Mas também me apetece deitar no soalho e ver o outro "mundo"...

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    1. (pois não :) )
      tão bom o corpo rente ao chão.
      bom dia Luís.

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